Notícia n. 7415 - Boletim Eletrônico IRIB / Abril de 2005 / Nº 1669 - 11/04/2005
Tipo de publicação
Notícia
Coleções
Edição
1669
Date
2005Período
Abril
Description
Georreferenciamento, fólio eletrônico e redes O admirável mundo novo das comunicações O FUTURO DA GESTÃO DO CONHECIMENTO Hermann Fernandes Pais * - O celular mudou a vida das pessoas e seu relacionamento. Entretanto, pouco ainda se fez no âmbito da integração entre máquinas, principalmente as dotadas de alguma capacidade de coleta de dados e de processamento. Este cenário está para mudar; pois o avanço das tecnologias de gestão de conhecimento possibilita agora capacidades inimagináveis e de grande retorno financeiro e prático. Tomemos a atual revolução do agronegócio que tanto tem feito pelo progresso do Brasil. Ele baseia-se, principalmente, na agricultura em escala industrial, de alta tecnologia, que utiliza máquinas de última geração para semear, irrigar, proteger contra pragas, colher e até colocar em fardos a produção, ali mesmo, no meio da plantação. Hoje, as colheitadeiras de grãos, por exemplo, além da tarefa mecânica de colher os frutos da terra, também realizam medições importantes – sabem, por meio da localização via satélite (GPS) onde estão. Medem a quantidade de grãos colhidos, realizam coleta do solo em fazem uma análise básica. Toda essa informação, armazenada em seus computadores internos, é acumulada durante a colheita. Só ao cabo de 90 dias ou mais, quando encerrada a colheita, estas máquinas são enfim conectadas ao telefone fixo e a informação coletada é enviada aos centros de análise e processamento de dados, em sua maioria, mantidos pelos próprios fabricantes da colheitadeira. Após o processamento, os dados coletados são utilizados para gerar um mapa de adubação, correção e melhoria do solo, estes mapas, via linha telefônica fixa, são então carregados nos computadores de bordo das máquinas de fertilização e semeadura, e, alguns meses após a colheita, é feita a correção do solo, geograficamente perfeita, cada pedaço de terra recebendo o lhe que é precisamente necessário. Atenção, isto não é futuro. Ocorre hoje. O futuro será quando conseguirmos acrescentar a estas colheitadeiras a tecnologia celular, que possibilita a coleta de dados, o cálculo da correção e a aplicação dos corretivos em tempo real. Perde-se menos tempo, ganha-se mais produtividade, e aliás, podemos até acrescentar um monitoramento das condições das máquinas para identificar falhas e problemas em potencial, tirando de combate estes guerreiros mecânicos. Outro exemplo de revolução hoje são as minissondas meteorológicas nos vinhedos da Califórnia (EUA), Nova Zelândia e França. Colocadas num espaçamento de 100 metros, elas coletam dados como insolação, índice pluviométrico, temperatura média e vento, que ajudam a prever a qualidade da futura vindima, e o provável valor e lucro dos vinhos. Esta tecnologia também está em uso no Nordeste e outras áreas de vinhedos brasileiros. De novo, o limitante é que as minissondas só passam essas informações a cada 30 – 50 dias, prazo em que realizam o seu turno de trabalho. Com o celular; as minissondas passariam a fornecer informações meteorológicas em tempo real, permitindo identificar fenômenos de microclima, como trovoadas localizadas, geadas, ventos que prejudicam a floração, fecundação e maturação dos frutos. Esta é a natureza da informação: ela é como o leite, tem mais serventia e mais uso, quanto mais recente for e melhor for sua rede de distribuição, a conectividade. No caso do celular-máquina agrícola, vários fatores possibilitam o futuro exposto acima: redução dos custos de telefonia celular; surgimento de tecnologias apropriadas à transmissão de mensagens SMS, tecnologias de gestão de conhecimento, armazenamento, classificação, indexação e recuperação deste conhecimento. Todas estas tecnologias existem, mas ainda não podem ser aplicadas da forma exposta. O que falta é uma flexibilidade na forma como as células (dos celulares) podem ser dispostas em áreas como densidade populacional esparsa, como grandes fazendas. A tecnologia celular foi concebida para as cidades com grande densidade populacional. As “células” têm um alcance restrito, de um raio em torno de 3 quilômetros. Na vasta fronteira agrícola, para ter melhor custo benefício, seria necessário colocar as antenas das células a grande altura, para que a cobertura chegasse a um raio de 50 quilômetros. Na ausência de serras e montanhas, as células teriam de ser penduradas em balões presos ao solo. Isto aumentaria a cobertura geográfica, viabilizaria a conectividade e tornaria essa tecnologia economicamente viável para as operadoras e o agronegócio. Para isso, seria necessário um entendimento entre a Anatel, as operadoras e os órgãos de fomento à agricultura. A tecnologia está pronta. A indústria a desenvolveu. Que venham agora os usuários. * diretor de tecnologia da EMC Brasil. (publicado originalmente na Gazeta Mercantil – TI-2 – 22/03/2005)
Direitos
IRIB – Instituto de Registro Imobiliário do Brasil
Article Number
7415
Idioma
pt_BR