Notícia n. 6421 - Boletim Eletrônico IRIB / Setembro de 2004 / Nº 1292 - 10/09/2004
Tipo de publicação
Notícia
Coleções
Edição
1292
Date
2004Período
Setembro
Description
VALOR ECONÔMICO – 23/8/2004 - Operações de securitização crescem 595% neste ano - Janes Rocha Embalada pela demanda de investidores institucionais que buscam alternativas de rentabilidade aos títulos públicos, as operações de securitização atingiram R$ 1,32 bilhão no primeiro semestre de 2004, com crescimento de 595% em relação ao mesmo período do ano passado. Esse é o número ajustado de operações efetivamente registradas e emitidas e foi calculado pela Uqbar, consultoria especializada na análise de operações financeiras estruturadas. A análise da Uqbar leva em conta só as operações cujo ativo-lastro são carteiras de crédito pulverizado, o que limita os dados aos únicos instrumentos com essa característica disponíveis no mercado brasileiro, que são os Fundos de Investimentos em Direitos Creditórios (FIDC), os Certificados de Recebíveis lmobiliários (CRI) e as Sociedades de Propósito Específico (SPE) formadas para captar recursos com recebíveis. O volume alcançado em apenas seis meses deste ano representa quase 80% do registrado em todo o ano de 2003. A maior parte desse valor (87% das emissões) era de Fundos de Recebíveis (FIDC), o restante de companhias securitizadoras e SPE. Do volume emitido, R$ 1,18 bilhão foi efetivamente captado pelos emissores em ofertas públicas e privadas, um crescimento de 671% em comparação com o mesmo período do ano anterior. Do montante da captação, 73% foram operações registradas em 2003 mas só colocadas no mercado este ano. Segundo levantamento da Uqbar, entre janeiro e junho de 2004 foram registradas 20 novas operações de securitização junto à Comissão de Valores Mobiliários (CVM), três vezes mais que no mesmo período de 2003. No entanto, do total de captações 73% referiam-se a operações registradas em 2003 e que só agora chegaram ao mercado. Isso significa que um volume muito maior de recursos estará sendo colocado no segundo semestre. "Este é um mercado com enorme potencial de crescimento", analisa Chuck Spragins, sócio e diretor financeiro da Uqbar. De acordo com o relatório, o perfil dos recebíveis que dão lastro às securitizações é predominantemente relacionado a operações comerciais clássicas (faturas), respondendo por 40% das emissões realizadas até agora. Esse percentual caiu muito em comparação com 2003, quando representaram 64% das emissões. Segundo Spragins, a fatia perdida pelos recebíveis comerciais não significou queda das operações com este tipo de lastro mas sim o forte crescimento da participação dos recebíveis imobiliários (leia matéria abaixo) e dos financiamentos de automóveis. A participação dos recebíveis originados no mercado imobiliário cresceu de apenas 1% das emissões no primeiro semestre de 2003 para 14% e a de automóveis pulou de 16% para 24%. Apesar de terem sido lançadas 20 novas carteiras no mercado este ano (no total são 35), cotas de FIDC estão em falta na praça, diz Luiz Eduardo Zago, diretor da área de Custódia do Banco ltaú. O banco tem participado de quase todos os FIDCs lançados até agora com a prestação de serviços (como custódia e avaliação dos recebíveis). A demanda, diz Zago, tem sido mais forte na tesouraria dos bancos e pelos fundos de renda fixa. Os fundos de pensão, o grande alvo das emissões, compraram R$ 403 milhões em FIDC, segundo dados da Secretaria de Previdência Complementar (SPC) divulgados semana passada durante um seminário sobre securitização promovido pelo IBC. A posição representa menos de 1% do patrimônio dos fundos que pode ser aplicado em renda fixa. A Fundação de Previdência dos funcionários do BNDES (Fapes) tem R$ 47 milhões aplicados em seis emissões de CRIs e R$ 79 milhões em sete FIDC. A intenção é ampliar essa carteira, afirmou Raul Brockmann, chefe do Departamento de Finanças da Fapes. Segundo Alexandre Zakia, diretor de Produtos de Investimento e Clientes Institucionais do Itaú, ainda há uma dificuldade dos investidores (institucionais ou não) de entender o produto. "São estruturas muito complexas" diz Zakia, que defende uma flexibilização das regras pela CVM. Pela norma que criou o FIDC, ele só pode ser ofertado a investidores qualificados. Estão nessa categoria instituições financeiras, companhias seguradoras e sociedades de capitalização, entidades abertas e fechadas de previdência privada, pessoas jurídicas não financeiras e físicas com patrimônio líquido superior a R$ 5 milhões, investidores individuais que possuam aplicações em valor superior a R$250 mil e fundos de investimentos em cotas voltados exclusivamente a investidores qualificados. CRIs ganham espaço e já chegam a 14% A emissão de Certificados de Recebíveis Imobiliários (CRI) foi destaque no balanço das operações de securitização no 1o semestre feito pela Uqbar. Embora ainda em pequeno volume (R$ 114,24 milhões), as emissões de CRIs passaram a representar 14% das operações de securitização, contra 1% no ano passado. O volume captado no período foi 670% acima do primeiro semestre de 2003. De 1999 até hoje, as cinco companhias securitizadoras de empreendimentos imobiliários já emitiram R$ 822,8 milhões em títulos. A Cibrasec (com 44% das emissões no período) e a Rio Bravo, do ex-presidente do Banco Central, Gustavo Franco (com 32%), lideraram as emissões. "O setor que mais utiliza securitização no mundo todo é o imobiliário", afirmou Chuck Spragins, sócio e diretor financeiro da Uqbar. O ritmo de crescimento mostra que há grande potencial de expansão desse mercado no Brasil, completou Spragins. Para Anesio Abdalla, presidente da Cibrasec, o volume de negócios com CRIs está repercutindo não só o crescimento do mercado imobiliário mas também a nova legislação. Há duas semanas foi aprovado e sancionado o projeto de lei no 2.109, de 1999, que sistematiza o patrimônio de afetação. A afetação é a adoção de um patrimônio próprio para cada empreendimento, evitando que os recursos levantados para a obra sejam desviados para outros projetos. "A implantação da alienação fiduciária e do patrimônio de afetação foi um grande avanço para o setor", afirmou Abadalla. (JR) Mais negócios no mercado secundário Apesar de menor que o mercado primário, o mercado secundário de instrumentos de securitização em renda fixa começa a apresentar alguns números significativos. Segundo Romeu Pasquantonio, diretor de Novos Negócios da Bovespa, o primeiro Fundo de Investimento Imobiliário lançado a varejo, o Almirante Barroso, já negociou o equivalente a 90% de seu patrimônio líquido de aproximadamente R$ 105 milhões na Soma, mercado de balcão organizados para papéis de renda fixa. O Almirante Barroso, aberto em novembro de 2002, tem como lastro recebíveis de venda de uma torre comercial da Caixa Econômica Federal no Rio de Janeiro. Além de os fundos de recebíveis e CRIs serem produtos muito recentes e de difícil compreensão, a falta de padronização e o fraco mercado secundário de instrumentos de securitização são também barreiras para um crescimento maior desse mercado, segundo os especialistas. Ainda assim, no primeiro semestre deste ano, R$ 313 milhões em cotas de FIDC e R$ 138,4 milhões em CRIs trocaram de mãos no ambiente eletrônico do Bovespa Fix, informou Romeu Pasquantonio. Os investidores que não se intimidaram com a estrutura complexa e aceitaram a aposta em seu início, no ano passado, tiveram bons rendimentos. Segundo Alexandre Zakia, diretor de Produtos de Investimento e Clientes Institucionais do Banco Itaú, o Chemical FIDC, fundo com recebíveis gerados pela indústria petroquímica Braskem foi lançado a 113,5% do CDI em dezembro de 2003. Na semana passada, suas cotas eram negociadas no mercado secundário a 105% do CDI. De maneira geral, as taxas dos FIDC caíram de 115% do CDl (taxa com que foi lançado o primeiro fundo, o F-Max) para uma faixa de 101% a 108% do CDI. (JR) (Valor Econômico/SP, seção Finanças, 23/8/2004, p.C1).
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