Notícia n. 6367 - Boletim Eletrônico IRIB / Agosto de 2004 / Nº 1267 - 31/08/2004
Tipo de publicação
Notícia
Coleções
Edição
1267
Date
2004Período
Agosto
Description
VALOR ECONÔMICO – 30/8/2004 - Estrangeiros devem investir US$ 200 mi na área de habitação - Incorporadoras mudam a estratégia no país por causa da baixa demanda por escritórios Carolina Mandl Depois de entrarem no Brasil em meados dos anos 90 de olho nos edifícios comerciais, os incorporadores estrangeiros estão apostando nos empreendimentos residenciais no país. As americanas Hines e Tishman Speyer e o fundo de pensão canadense CDP Capital devem injetar no país cerca de US$ 200 milhões em projetos de habitação até 2006. Neste ano, a primeira incorporadora estrangeira a anunciar investimentos no Brasil foi a Tishman, que entrou aqui em 1998 para fazer escritórios. Traz US$ 120 milhões de fundos de investimento no exterior para quatro projetos residenciais. O primeiro aporte foi feito em 248 apartamentos, em São Paulo. "A área residencial é um bom complemento para os escritórios. Em um período de crise, a volatilidade dela é menor", diz o diretor-presidente Daniel Citron. Nos últimos dois anos, os incorporadores de escritórios enfrentaram um período que coincidiu com uma baixa demanda das empresas e uma entrega recorde de empreendimentos em São Paulo. A vacância atingiu mais de 25%. Com preços em queda, diversas empresas renegociaram seus contratos por valores menores ou aproveitaram para mudar e melhorar suas instalações. Essa situação levou a própria Tishman que já incorporou US$ 15 bilhões pelo mundo, a paralisar um projeto de US$ 500 milhões de torres comerciais em São Paulo em 2002. A Hines, com US$ 14 bilhões em ativos, vive uma situação. Aterrissou no país em 1998 com o objetivo de investir em escritórios. Fez um edifício no Rio de R$ 300 milhões e alguns galpões. Agora, está enviando para a matriz quatro projetos residenciais para a baixa renda, com preço máximo de R$ 70 mil por unidade. De acordo com Douglas Munro, presidente da Hines no Brasil, o objetivo é captar recursos de um fundo em mercados emergentes de US$ 300 milhões que a matriz está estruturando e do qual o Brasil deve abocanhar 20%. "O segmento exige investimento menor e que foge da baixa dos escritórios." Mesmo quem já está na área há mais tempo reforça seus investimentos agora. É o caso do CDP Capital. Desde 2001, é sócio da Atlântica Residencial, incorporadora voltada para a construção de apartamento de baixa renda. No ano seguinte, tornou-se sócio do Ourinvest na Brazilian Capital, gestora imobiliária. Em 2004, virou na securitizadora e na companhia hipotecária do Ourinvest. Agora, aposta mais diretamente e sozinho em projetos residenciais brasileiros por meio de empréstimos mezaninos. Funcionam da seguinte forma: o CDP capta dinheiro em bancos brasileiros e financia os empreendimentos. Em vez de cobrar juros dos US$ 50 milhões emprestados, o CDP ganha uma participação no lucro dos projetos. "A vantagem do incorporador é não correr o risco do empreendimento. Se não der certo, o prejuízo é do CDP", diz Fábio Nogueira, diretor da Brazilian Mortgages. Um dos mais antigos investidores estrangeiros em habitação é a canadense Brascan. Está no país há 25 anos, mas neste ano, tomou a decisão de aumentar seus investimentos. Até 2005, pretende lançar US$ 225 milhões, 50% a mais do que hoje. “A experiência tem sido muito positiva", relata Marcos Levy, presidente da Brascan. Também pesou na decisão da Brascan as mudanças feitas no Sistema Financeiro de Habitação neste ano. Incorporadores e financiadores ganham mais garantias e incentivos. Os incorporadores estrangeiros estão de olho em um mercado que só em São Paulo movimentou 34.938 unidades em 2003, o que representa R$ 6,2 bilhões em valor de vendas, segundo o Sindicato da Habitação. Além disso, percebem que a forma de "saída" dos empreendimentos pode ser mais fácil do que na área de escritórios. “A liquidez no residencial é maior. A cada apartamento vendido, é dinheiro que entra", explica Nogueira. O próprio financiamento da Caixa Econômica Federal permite que investidores saiam do empreendimento mais facilmente ao adiantar ao incorporador o financiamento do comprador. Para quem é novato na área residencial brasileira, alguns desafios virão pela frente. "O mercado daqui é único. Não existe financiamento de longo prazo para o incorporador. E exige produtos adaptados ao gosto brasileiro", diz Eduardo Machado, diretor da área imobiliária do banco Fibra. É também por esse motivo que essas multinacionais demoraram mais para entrar na área residencial. Para se adaptar às características desse mercado, Machado acredita que os estrangeiros farão parcerias com investidores locais. "Isso irá profissionalizar e fortalecer o incorporador local." Esse foi o caminho encontrado pela Redevco, braço imobiliário do grupo C&A, para crescer mais rápido. Neste mês, fechou um acordo com a Inpar para comprar saldos de empreendimentos já lançados pela brasileira em São Paulo. Em dois terrenos, também vai incorporar em conjunto com a Inpar. (Valor Econômico/SP, seção Empresas Serviços, 30/8/2004, p.B3).
Direitos
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Article Number
6367
Idioma
pt_BR